Txan-txa-ra-txan: assim de caras, digam lá se o título do artigo não parece anunciar-nos uma franquia de sci fic. Mas não é não! Poderia ser. E se “poderia ser”, já é, então, um bom ponto de partida.
Na verdade, este é o nome de um dos painéis do workshop “(Re) invenção da Cultura em tempos de pandemia” no qual eu proponho, durante uma imersão de 3 dias, amarrar um conjunto de reflexões bussolares com vista a perspetivar caminhos respiráveis para o presente e futuro do sector cultural cabo-verdiano, a partir de um didática transdisciplinar. É certo que também passamos um pente em questões cabeludas postas antes destas reviravoltas virulentas, mas tais quesitos não são objeto desta conversa. |
Adiante : o que é para aqui chamado, antes de tudo mais, é a confissão imediata de que o termo maiscularizado a negrito é sim senhor uma proposta ideológica copiosamente decalcada do Afrofuturismo. Já agora, um breve parênteses, antes que paragrafemos para clarificar um pouco melhor a filosofia furtada, permitam-me deixar uma nota de chamada para o facto deste não se tratar de mero exercício linguístico de troca-troca dos vocábulos “Afro” e “CV”, já que, na minha ótica, o segundo cabe no primeiro. Tanto ainda, estaríamos, se assim não disséssemos, a fazer cócegas nas distopias lunáticas que eurotropicalizam todo e qualquer pingo de cabo-verdianidade.
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foto @Djodje
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Mas cá vai: para quem nunca nem ouviu falar, o AfroFuturismo pode ser rapidamente definido como um movimento filosófico, estético, político e cultural, que se propõe a criar narrativas(leia-se obras, produções, criações, etc..) de ficção especulativas afrocentradas, a partir do ponto de vista do indivíduo afro-diaspórico, potente e emancipado, que parte da sua ancestralidade para se projetar num futuro de existência tecno-próspero e esplendoroso.
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Nos anos 90, o termo começou a ser popularizado, sobretudo após a publicação do ensaio “Black to the future” de Mark Dery, embora algumas décadas antes, já se encontravam vestígios evidentes desta manifestação. Recentemente, o blockbuster Pantera Negra ou Black is King da cantora Beyoncé colocaram o termo outra vez na boca do mundo, e contribuíram para abrir os horizontes para uma revitalização de conteúdos das gerações mais frescas. É obvio que estamos em viagem rápida por este assunto e em próximas ocasiões voltaremos com mais vagar.
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